A crescente demanda por novos modelos e a grande concorrência fizeram a indústria das duas rodas buscar freneticamente novos nichos de mercado para entregar ao consumidor produtos que preencham por completo suas necessidades. Antigamente podíamos resumir o mundo das motocicletas em poucas categorias, sendo as principais Custom, Naked, Sport, Touring e Trail.
Recentemente, as fábricas passaram a ousar mais, fugindo um pouco da tradição e lançando modelos com características antes vistas apenas em modelos tunados ou modificados. Uma das categorias que mais sofreu mudanças e “deu cria” a subcategorias foi a das motos fora de estrada, ou Trail. Antes exclusiva para motos derivadas dos modelos de Rally, viu suas participantes serem modificadas para atender ao gosto do consumidor que queria motos altas, mas com rodas menores e bancos largos para rodar no asfalto.
Ano após ano os modelos Trail mais voltados para o Off-road foram sendo substituídos por motos mais pesadas, seguras e confortáveis, que na maioria das vezes encarariam no máximo uma estradinha de terra batida nas viagens mais emocionantes. As “novas” Big Trail eram ótimas para longas viagens, mas por ter um tamanho avantajado não eram ideais para o uso urbano. De repente, uma consumidores passou a sonhar com uma moto que unisse o conforto das suspensões e a imponência das motos Trail, com a agilidade e leveza das motos Naked, surgia então uma nova categoria de motos, as Crossover.
O termo Crossover surgiu primeiro no meio das quatro rodas e foi adotado para carros que uniam as suspensões elevadas e imponência dos Jipes com o conforto e agilidade dos Sedans. No Brasil a Honda introduziu esse novo conceito com a NC 700X e logo depois lançou a CB 500X. A 500X talvez seja um dos melhores exemplos para entendermos do que se trata uma moto Crossover. Ela possui o mesmo chassi, motor e rodas da sua irmã “F”, que é uma Naked pura, porém suas suspensões têm mais curso, seu guidão é mais alto e a posição de pilotagem é mais próxima da de uma Trail.
Diante de modelos parecidos, mas com propostas diferentes, resolvemos tentar ajudar ao nosso leitor que está em dúvida entre uma Trail pura e uma Crossover. Para isso colocamos lado a lado uma Honda CB 500X e uma Yamaha XT 660R.
Logo de cara podemos ver que a XT é bem mais alta que a CB. Como toda boa trail de verdade, ela possui roda raiada de 21″ na dianteira, enquanto a CB possui rodas de liga leve, ambas de 17″. As rodas da XT são ótimas para o uso fora de estrada e facilitam na hora de sobrepor obstáculos, porém cobram o preço na agilidade e na estabilidade. A CB não vai bem no Off, pois as rodas de liga transmitem todas as irregularidades do piso para o piloto.
No uso urbano a CB dá um banho na XT, sendo muito mais ágil e confortável. O motor bicilíndrico em linha vibra bem menos que o “big one” da moto da Yamaha. A embreagem é mais leve e o câmbio mais preciso no modelo da Honda, cansando menos no anda e para do trânsito da cidade.
Na estrada houve um certo equilíbrio em relação ao desempenho, tendo a XT com mais torque e melhores retomadas e a CB com um motor mais elástico que acelera de forma bem linear e permite atingir maiores velocidades. De uma forma geral a CB 500X anda mais que a XT e também faz curvas com mais competência. Em relação ao conforto, o banco em dois níveis e o menor nível de vibração do motor também dão vantagem à 500X.
Ambas são grandes representantes de suas categorias e caíram como uma luva para tirarmos as conclusões sobre quais as vantagens de cada uma. A XT 660R, Trail pura, é ideal para quem sai de casa sem destino e não tem medo do terreno que possa encontrar pela frente. Ela não é a melhor moto em nada, mas faz tudo muito bem, roda na cidade, viaja e enfrenta o Off-road com competência, é o que podemos chamar de moto polivalente. A CB 500X, Crossover, é ótima para a cidade e para a estrada, mas não encara o uso Off de forma segura, seu ponto fraco.
Uma Resposta para “Trail ou Crossover, qual escolher?”
Nilson Bezerra
Acho muito interessantes as motos crossover, boa maneabilidade e facilidade de acesso ao solo, mas não dispenso a tranquilidade de um suspensão forte e de longo curso. Já passei por situações em viagens em que de repente surge uma baita lombada ou buraco na frente e você esta a menos de 30 metros de distancia e a 100 km/h. Nessa hora roda dianteira raiada de 21 polegadas e suspensões da ordem de 41 mm de diâmetro e 200 mm de curso te salvam de um possível acidente. Se tivéssemos estradas impecáveis só utilizaria motos crossover mas aqui é Brasil né.