O que pensa o verme

Em por Dirty Harry
Atualizado em 6 de novembro às 11:15

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Pensa, pois, esse pobre verme que ninguém sabe de suas intenções maledicentes.

Canhestramente, coitado, se autoelogia, como se disso dependesse sua afirmação.

 


Alerta para Robinson

Em por Dirty Harry
Atualizado em 3 de novembro às 10:35

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Te cuida
Te cuida

As jornadas de junho de 2013 mostraram ao País que os brasileiros não andam tão contentes assim. Eles, aliás, mal andam. Ou andam mal, se nos lembrarmos que foram os assuntos relacionados à mobilidade urbana que fermentaram os motins que sacudiram a República.

Quase um ano e meio depois, mapeamento da Escola Nacional de Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz (Ensp/Fiocruz) identificou 490 focos de tensão em todo o país, 40% a mais do que foi contabilizado pelo mesmo grupo em 2012, informa O Globo desta segunda-feira.

Seguindo o típico receituário de paliativos de que vive o Brasil, os governos jogaram antibióticos para combater os efeitos das bactérias nas ruas em 2013. A convulsão cessou, e o gigante adormeceu.

Mas os vermes se governam pelas leis da natureza. Agora, imunes aos antibióticos, prometem erupções cutâneas mais profundas.

Os primeiros sintomas, como se sabe, vêm pontuando o cotidiano de São Paulo, onde se iniciaram os protestos pela falta de água e atos anti-PT.

Não precisa ser adivinha para constatar que, se o mais importante Estado da federação está convulsionado, é questão de tempo – assim como em 2013 – para esse torpor febril se alastrar pelo resto do País.

Daí a necessidade do governador eleito, a quem serão cobradas respostas, ficar atento.


A vingança de Escorpião

Em por Dirty Harry
Atualizado em 27 de outubro às 14:57

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carlos augusto rosado

Sob o causticante sol de Mossoró, militantes dispersos comentavam nos arredores do Colégio Evangélico Leôncio José de Santana a expectativa de derrota de Henrique Eduardo Alves ao Governo do Estado, quando a governadora Rosalba Ciarlini chegou.

– Governadora, já votei 55. – Jactou-se animado um eleitor se referindo ao número de Robinson Faria. – Mossoró é a terra da resistência. Resistimos ao cangaço de Lampião e agora vamos resistir aos cangaceiros da política. – Rosalba riu, e seguiu para urna, onde confirmou o plano de vingança que mais tarde restaria vitorioso, quando Robinson Faria conquistou mais de 71% dos votos válidos em Mossoró, uma maioria de mais de 48 mil sufrágios sobre Henrique Eduardo Alves.

O plano engendrado por Carlos Augusto Rosado e Rosalba Ciarlini, casal regido pelo signo de escorpião, foi gestado no expurgo da governadora por José Agripino, mentor da manobra que impediu, pela primeira vez, uma mandatária de disputar sua reeleição. Depois de defender seu direito à reeleição na convenção do Democratas, em junho, a governadora recolheu-se à residência oficial, onde sentou e chorou.

– Como Zé Agripino faz um negócio desses comigo? – Indagou a amigos entre lágrimas.

O episódio foi o estopim de rusgas que vinham sendo colhidas há muito tempo. Rosalba nunca gostou muito do tratamento que José Agripino lhe dispensou. O dono do Democratas, por exemplo, costumava comentar que foi ele quem fez Rosalba, abro aspas, “uma mera prefeita do interior”, senadora da República.

Os desagrados não pararam por aí. No auge da rejeição de Rosalba, Agripino comentava entre os comensais que a governadora não estava nem em condições de sair às ruas para pedir votos. Carlos Augusto se revoltou.

– Ela não vai ser candidata. Mas vou deseleger muita gente. – Prometeu o marido de Rosalba.

Silencioso, o marido da governadora, Carlos Augusto Rosado, iniciou a manobra que tinha por bandeira derrotar Henrique Eduardo Alves, beneficiário direto da ausência de Rosalba do pleito deste ano.

O plano passava por tirar tantos votos quantos fossem possíveis. E, para isso, Mossoró seria essencial. Tudo contribuiu para a estratégia dar certo. A governadora mostrou-se forte ao conseguir primeiro derrotar Wilma de Faria angariando votos para Fátima Bezerra na cidade.

A isso se somou a falta de afinidade das lideranças de Henrique na cidade, já que os grupos de Sandra Rosado, Fafá Rosado e Cláudia Regina não se entendiam.  Para completar, a máquina mossoroense está nas mãos do prefeito Silveira Jr., que fez desmedidos esforços para eleger Robinson. Apenas uma intervenção de Santa Luzia poderia evitar a derrota iminente de Henrique na cidade.

Divergência

Na última semana do pleito, o caso tinha uma divergência que precisava ser superada. Carlos Augusto mantinha a bandeira da derrota de Henrique. Rosalba pensava da mesma maneira, mas não necessariamente defendia o voto em Robinson. Afinado o pensamento, a governadora foi para as ruas em favor de seu vice-governador.

Os mais de três anos de críticas veladas de Robinson ao governo foram esquecidos em nome da seguinte lógica: Robinson, ao menos, tinha a dignidade de fazer as críticas abertamente.

– Já Rosalba foi apunhalada pelas costas por aliados. – Contou-me uma fonte.

O resultado desse empenho foi a obtenção do dobro dos votos que Robinson conseguiu no primeiro turno, quando somou pouco mais que 23 mil sufrágios de diferença sobre Henrique. E ainda há o prefeito Silveira Júnior, que também cobra as glórias da vitória e está orientando sua militância a não bater de frente com o grupo rosalbista. A ordem é não fazer inimizades. Pelo menos até 2016.


Além dos autos

Em por Dirty Harry
Atualizado em 24 de outubro às 16:54

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Foi-se o tempo em que a manifestação de magistrado se restringia às decisões.

A lavra eleitoral local ratifica que esse tempo é, de fato, saudoso.

Juiz virou rei.


Aécio Neves pede a Fábio Faria

Em por Dirty Harry
Atualizado em 22 de outubro às 11:51

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O presidenciável Aécio Neves procurou o deputado federal Fábio Faria, de quem é amigo, para fazer um apelo. Sogro do Homem do Baú e das Frangrâncias Jequiti, Fábio recebeu do mineiro o pedido de convencer Silvio Santos a usar sua influência sobre o apresentador Ratinho.

A ideia do neto de Tancredo é que um dos mais carismáticos apresentadores do SBT permita que a afiliada da emissora no Paraná, de propriedade de Ratinho, pudesse ajudar na campanha presidencial de Aécio.

 


Tomara que Deus não exista

Em por Dirty Harry
Atualizado em 20 de outubro às 09:51

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por Davy Lincoln Rocha, procurador da República em Joinville (SC), que manifesta sua discordância sobre a concessão do auxílio-moradia:
 
Brasil, um país onde não apenas o Rei Está nu. Todos os Poderes e Instituiçōes estão nus, e o pior é que todos perderam a vergonha de andarem nus. E nós, o Procuradores da República, e eles, os Magistrados, teremos o vergonhoso privilégio de recebermos R$ 4.300,00 reais de “auxílio moradia”, num país onde a Constituição Federal determina que o salário mínimo deva ser suficiente para uma vida digna, incluindo alimentação, transporte, MORADIA, e até LAZER.

A Partir de agora, no serviço público, nós, Procuradores da República dos Procuradores, e eles, os Magistrados, teremos a exclusividade de poder conjugar nas primeiras pessoas o verbo MORAR.
Fica combinado que, doravante, o resto da choldra do funcionalismo não vai mais “morar”. Eles irão apenas se “esconder” em algum buraco, pois morar passou a ser privilégio de uma casta superior.

Tomara que Deus não exista…

Penso como seria complicado, depois de minha morte (e mesmo eu sendo um ser superior, um Procurador da República, estou certo que a morte virá para todos), ter que explicar a Deus que esse vergonhoso auxílio-moradia era justo e moral.

Como seria difícil tentar convencê-Lo (a ele, Deus) que eu, DEFENSOR da Constituição e das Leis, guardião do princípio da igualdade e baluarte da moralidade, como é que eu, vestal do templo da Justiça, cheguei a tal ponto, a esse ponto de me deliciar nesse deslavado jabá chamado auxílio-moradia.

Tomara, mas tomara mesmo que Deus não exista, porque Ele sabe que eu tenho casa própria, como de resto têm quase todos os Procuradores e Magistrados e que, no fundo de nossas consciências, todos nós sabemos, e muito bem, o que estamos prestes a fazer.

Mas, pensando bem, o Inferno não haverá de ser assim tão desagradável com dizem, pois lá, estarei na agradável companhia de meus amigos Procuradores, Promotores e Magistrados.

Poderemos passar a eternidade debatendo intrincadas teses jurídicas sobre igualdade, fraternidade, justiça, moralidade e quejandos.
Como dizia Nelson Rodrigues, toda nudez será castigada!


Estragos mossoroenses

Em por Dirty Harry
Atualizado em 14 de outubro às 11:00

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por Dinarte Assunção

Garibaldi Alves Filho (2)

Uma das estratégias ofensivas adotadas pela campanha de Henrique Alves (PMDB) é focar nas cidades com maior peso eleitoral e, principalmente, onde o candidato não se deu lá tão bem no primeiro turno.

Inevitavelmente, tudo passa por Mossoró.

Nesta quarta-feira, quem chega à cidade é o ministro da Previdência, Garibaldi Filho, que, no entanto, alerta:

“Eu não tenho pretensão de reverter o resultado. Tenho a pretensão de me solidarizar com os correligionários, e tentar minimizar os estragos eleitorais”

No primeiro turno, a terra guardiã da liberdade deu o placar de  52.886 votos para Robinson Faria, contra 29.494 de Henrique Alves.


Não basta ser fake

Em por Dirty Harry
Atualizado em 14 de outubro às 09:17

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O jornalista Ulysses Freire está indignado. Tem seus motivos.

Deparou-se nas últimas horas com uma falsificação digital que vem lhe causando transtornos.

Uma dessas almas sebosas que habitam o mundo fake deu-se ao trabalho e montar uma postagem contrariando uma informação que Freire publicou em seu blog. A montagem é tão perfeita que passa por verdade é o que é sabida mentira.

Como se vê nas imagens ao fim do texto, o autor da mentira tenta, Alá sabe o porquê, divulgar um cancelamento que não existe: o show da dupla Jorge e Mateus, mantido para o próximo fim de semana na Festa do Boi.

É o tipo de coisa que estarrece pelo nível, indigna pela maldade e enfurece pela injustiça.

Não basta ser fake.

Tem que ser vil. Tem que ser muito vil.

A verdade como foi escrita
A verdade como foi escrita
A mentira como ela é
A mentira como ela é

O que o antipetismo diz sobre o PIB, o perfeito idiota brasileiro

Em por Dirty Harry
Atualizado em 13 de outubro às 10:59

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por Dinarte Assunção

ilustração

Não deixa de ser pertinente questionar: por que tanto ódio contra o governo Dilma?

Não tenho procuração para fazer defesa do governo petista, mas aquiescer às manifestações de rancor que brotam da convulsão coletiva é se fazer de cúmplice. Não se trata mais de um movimento ideológico – talvez nunca tenha se tratado.

Quando testemunhamos o avanço do ódio sobre a lucidez, convém refletir se não é chegada a hora de ser erguer contra a proliferação do pensamento mediano que banaliza as injúrias raciais partindo do pressuposto de que vale qualquer coisa contra “tudo isso que está aí”.

No tabuleiro do xadrez, os peões vão sempre na frente, conduzidos para atender à lógica do jogo que defende o triunfo de quem os manipula. No jogo do ódio, o peão é o PIB, o perfeito idiota brasileiro.

O PIB é o conhecido eleitor que prega o ódio ao PT porque não aguenta mais a “corrupissão”. Seu pensamento é letárgico, mas se multiplica na velocidade da luz.

É o ativista de sofá que paga seu plano de saúde e é contra o Mais Médicos porque o programa financia a ditadura cubana.

É o cara que não sabe o que é fome – a não ser a mental, da qual sequer tem consciência -, mas arrota seu preconceito contra os programas que tiraram o Brasil do mapa da miséria alimentar. Bolsa Família, por exemplo, é o financiamento do vagabundo para o PIB.

É o parasita que busca alimento nos panfletos isentos de verdade. Toma Veja por sua bíblia; e Reinaldo Azevedo, por seu senhor.

O perfeito idiota brasileiro acredita cegamente que o Brasil será sua pátria mãe gentil apenas, e tão somente apenas, quando a praga do PT for varrida. Por isso, ele passa adiante seu ódio.

O ódio, vejam só, o sentimento que está historiado como força motriz para que barbáries tenham sido perpetradas.

Foi o ódio, se por exemplo, que dizimou milhões na Alemanhã nazista.

Mas eu não espero que o PIB consiga um motivo convincente para destronar o PT.

Porque não se pode esperar argumentos de quem só é capaz de produzir rancor.


Talvez

Em por Dirty Harry
Atualizado em 10 de outubro às 10:55

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por Tati Bernardi, na Folha de S.Paulo de hoje

É nojento ver gente maldizendo nordestinos nas redes sociais, “mortos de fome que votam na Dilma!”. Mas talvez essas pessoas sejam plantadas pela campanha petista, pra desmoralizar o eleitorado concorrente. Mas, com tanto coxinha preconceituoso no mundo, precisariam inventá-los? Então talvez dizer que são factoides seja uma estratégia da campanha do Aécio. E esse termo “coxinha” talvez seja puro preconceito de quem luta, justamente, contra o preconceito. Tá puxado opinar.

Talvez educação seja melhor do que comida. Mas talvez a pessoa com fome não consiga estudar. Talvez você esteja errado quando diz que pobre vota no PT. Itaquera, por exemplo, mandou coraçãozinho pro Aécio nas urnas. Talvez você esteja errado quando diz que rico prefere o Aécio. O filho do Lula certamente prefere a Dilma. Talvez não dê mais pra ter certeza de nada. Mas talvez não fazer de conta que a gente pelo menos desconfia que tem alguma certeza seja alienação.

Talvez a gente comece a babar (talvez isso seja uma piadinha idiota, porque tem gente que baba de verdade e temos que amá-los) porque o discurso mais ferrenho de mudança e honestidade agora vem da direita. E talvez a direita devesse, já que acredita em mudança e honestidade, começar combatendo a extrema direita, que acredita na volta do militarismo e no orgulho hétero e no direito de ser respeitado enquanto cidadão livre e rico quando xinga um chefe de Estado pro mundo inteiro ouvir.

Talvez liberdade, ser liberal, liberalismo e ser um libertário confundam os estudantes. Talvez eles apenas abracem o epíteto, acreditando tratar-se de liberar a maconha. Talvez 80% não saibam o que estão fazendo quando ficam putos e vão pra rua. Talvez inventar porcentagens, como fiz agora, me faça levar uma bronca. Talvez seja inveja, porque estou ficando velha. Talvez eu tenha algo de véio reaça conservador, ao estilo: “Humpf, esses jovens!”.

E o lance de usar os Correios? Talvez tenha sido uma jogada meio suja, literalmente. Talvez seja apenas uma mídia possível e dentro da lei. Talvez seja mentira. Saiu que era mentira, né? Peraí. Eu juro que leio jornal todo dia, mas me perdi. Maria, minha empregada (talvez seja errado chamá-la assim), tá dizendo aqui que sua vida melhorou muito nos últimos dez anos. Mas talvez isso não importe, já que o Brasil parou de crescer.

Talvez o Eduardo Jorge seja mó da hora, supimpa, coisa fina. E tenha conquistado meu coração com sua mochilinha em meio a tanta esperteza e boa oratória ensaiada. Talvez eu devesse era ter me encantado pela moça que não faz nem chapinha nem aliança. Mas talvez seja uma besteira odiar os bancos. Eu e meu namoradinho do largo São Francisco, há 20 anos, odiávamos bancos e policiais. Talvez a gente fosse bobo. Talvez bobo, um xingamento infantil que combina com as discussões políticas do Facebook (que talvez sejam infinitamente melhores do que “veja meu filho babado de papinha” ou “olha, um ipê furta-cor”), seja quem diz que o salário mínimo é muito alto.

Talvez seja intolerável votar em quem tem apoio de fundamentalistas. Talvez seja insuportável votar em um partido que não admite erros e que, diferente do que pregou em meu inconsciente ingênuo e sonhador, desde que eu era criança, não está isento do que as pessoas com preguiça de argumentar resumem em “palhaçada”. Talvez apenas seja impossível estar isento da merda, sentado no trono.