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Economia

Novo presidente da FCDL assume em 2015 com previsão de crise econômica

Afrânio Miranda diz está otimista, mas reconhece que aos longo dos últimos anos os empreendedores sofreram no Rio Grande do Norte


Por Virgínia França

Afranio Miranda  será o próximo presidente da FCDL (Foto: Alberto Leandro)
Afranio Miranda será o próximo presidente da FCDL (Foto: Alberto Leandro)

A Federação da Câmara dos Dirigentes Lojistas do Rio Grande do Norte (FCDL/RN) elegeu o novo presidente Afrânio Miranda, que permanece no cargo no triênio 2015-2018, com a meta de integrar as 29 câmaras de lojistas existentes no estado. Apesar de um pesamento otimista, ele teme o efeito das previsões negativas da economia.

Ao portalnoar.com, Afrânio falou sobre os desafios a serem vencidos além desta integração, que envolver a conquista do consumidor local, no estado e em cada cidade. Para isso, ele pretende conscientizar da importância da compra local como gerador de recursos ao Estado e Município, emprego e renda.

O novo presidente da FCDL falou ainda sobre a legislação atual que dificulta o surgimento de novos empreendimentos, com licenças que demorar até três anos para serem liberadas pelos órgãos fiscalizadores.

Veja abaixo a integra da entrevista.

Como será a gestão do senhor à frente da Federação da Câmara dos Dirigentes Lojistas (FCDL) no Rio Grande do Norte?

Eu tenho muita vontade de ajudar de uma maneira geral. Eu já participo do movimento logístico, sou diretor hoje da CDL Natal, estou entrando na vice-presidência da CDL Natal, e presidente das empresas de informática e sempre procuro estar por dentro das associações. Participo da diretoria da associação do Midway Mall, do Cidade Jardim, do Natal Shopping, Praia Shopping, estão chamando do Norte Shopping, estão tentando formar agora, já me procuraram porque sabiam que eu sou atuante. De uma maneira geral eu já trabalho em entidade, gosto muito da parte do social, sou diretor do Núcleo de Amparo ao Menor em Felipe Camarão, são 520 crianças e adolescentes que estão sendo atendidas, é um trabalho, que você vibra em fazer. A gente tenta ajudar.

As primeiras bandeiras que pretendo levantar, não será uma coisa fácil. Tentar algumas parcerias, com o Governo do Estado principalmente, com as Prefeituras através das 29 CDLs, divulgar para o consumidor de que é importante para comprar dentro da cidade. Às vezes, a população não sabe que se comprar um produto dentro da cidade, na divisão do ICMS, 75% é recebido de acordo com o que é vendido dentro da cidade, do que é produzido. Se comprar na cidade, as empresas vão pagar impostos, entrando no PIB da cidade. Quanto mais vender, mais imposto paga, gerando riqueza e pagando mais imposto dentro da cidade. Na hora distribuir, haverá mais recursos para a cidade.

Para levantar uma bandeira dessa precisa de ações , precisa mostrar ao consumidor de que ele comprando dentro da cidade, gerando riqueza para sua cidade, a prefeitura da cidade e os próprios lojistas da cidade podem empregar mais,  investir mais. Em Natal, por exemplo, a gente vê as pessoas reclamando que o Walfredo Gurgel não presta, a segurança pública complicada, isso é só culpa do governo, da prefeitura? Não, é culpa do próprio consumidor que não compra na sua cidade, não gera imposto dentro da cidade para que o governo ou a prefeitura possa investir e tenha uma saúde de qualidade, educação de qualidade, transporte de qualidade.

Se comprar fora ou pela internet, o impostos fica no local de origem da mercadoria, e gera emprego fora do estado. A gente quer colocar essa cultura mais cooperativista, se não valorizarmos o próprio comércio local, não valorizar o nosso estado para investir, como é que posso reclamar da saúde, educação. Então vamos tentar colocar essa cultura do consumidor, defenda seu estado, cidade, comprar nela, empreender e gerar riqueza, porque isso vai ser transformado em benefício para a própria cidade. Quero mostrar isso para o governo para mostrar que ele mesmo vai ganhar.

Tem a questão dos benefícios fiscais para as empresa. O governo atual entende que se baixar alguma alíquota de imposto é perder receita. Para produtos de informática a alíquota do Rio Grande do Norte é 25%, todos os estados do Nordeste é 17%. No turismo, estamos perdendo para o Ceará, para Pernambuco e outros estados que tem pouco turismo, mas investem. Se reduzisse o querosene de avião, que vem se batalhando há um tempo, vem mais voos, mais turistas que compram mais, as lojas vendem mais e vai recolher mais imposto, o Estado vai ganhar.

Quais os outros pontos que o senhor pretende trabalhar na sua gestão?

Vamos trabalhar o fortalecimento das outras CDLs, tanto no termo de gestão, para ter bons gestores, as CDLs têm alguns trabalhos que prestam a população, como SPC, certificado digital.  É interessante que quanto mais CDLs tenham, mais vão melhorar para o consumidor que não precisa se descolar tanto. Só temos certificação digital em Mossoró, Currais Novos, Natal e Assú, e Parnamirim está começando. A gente pretende espalhar esse trabalho em todo o Rio Grande do Norte, em todas as CDLs ter e a própria FCDL ter um trabalho móvel, principalmente em certificado digital e mandar para outros municípios.

A FCDL vai estimular a criação de novas CDLs?

Primeiro tem que fazer essas que estão funcionando, funcionarem melhor, fortalecendo na parte de gestão, capacitação dos funcionários, gerando mais renda, tendo condições de levar mais treinamentos para os lojistas, para os colaboradores, melhorar mais o perfil de atendimento.

Quais as dificuldades que o senhor poderá enfrentar na sua gestão?

Uma das maiores dificuldades atuais é saber que 2015, dito pelos economistas, vai ser pior que 2014. 2014 já foi um ano ruim, foi pior que 2012, os lojistas já vem acumulando não prejuízo, mas não crescem, porque está retraído, receoso de comprar. Dezembro vai ser um ano ruim para o comércio, e a CNDL fala que se tiver um acréscimo de 2% em relação ao ano passado já é um vitorioso.

Como o senhor analisa a economia potiguar, principalmente neste novo ano?

O ano sendo pessimista pelos economistas, eu sou otimista. Temos que pegar como oportunidade, se vai ser difícil, tomar algumas medidas para fazer trabalhos de gestão, anúncios para atrair o consumidor, ações para o público parar de comprar pela internet, fora do estado. Tentar mostrar coisas diferentes para que a gente ganhe em relação aos nossos estados vizinhos. Se cada um fizer algo diferente, acaba 2015 sendo um ano bom. Não podemos se desesperar, temos que acreditar que as coisas vão ser melhor e buscar ferramentas, parceiros como Banco do Nordeste, Sebrae que quer ajudar a quem quer empreender, Fiern, Fecomércio e Faern são instituições que estão dispostas a ajudar as pessoas a se qualificarem, tanto no próprio negócio ou conquistar o emprego.

O que o senhor tem escutado da expectativa dos lojistas?

O pessoal quer acreditar que vai ser até melhor do que está sendo dito, mas estamos muito receosos do que o governo federal e estadual vão fazer. Eu espero que o próximo governador trabalhe principalmente essa questão tributária, nos ajude a mostrar a prioridade de comprar aqui, os impostos, ver que alíquotas grandes não é sinônimo de arrecadação, e sim de sonegação, os incentivos fiscais. O Rio Grande do Norte é o estado que menos benefício dar em todo o Brasil. A gente já é pequeno, os estados tem benefícios melhores que os nossos, você acha que a empresa vai pensar em instalar no estado? O pregão eletrônico é ruim para o Rio Grande do Norte, é perverso, porque é diferente nos impostos e não dar para ser igual com os preços, concorrendo com empresas do Brasil inteiro.

São questionamentos que a gente faz e se Robinson Faria pudesse ouvir mais a classe empresarial, o que o governo atual não se preocupou em fazer. O comércio precisa se unir e vamos buscar esse contato.

Qual a análise que o senhor faz do consumidor potiguar?

O consumidor está comedido, mas de uma maneira geral no Brasil. Está se prevenindo porque não sabe o que vem por aí, anúncio que a inflação vai ser alta, que o PIB vai ser abaixo de 1%, não são bons indicadores.

É difícil empreender no Rio Grande do Norte?

É difícil, hoje emperra na burocracia. Para começar a funcionar, para tirar um alvará, conseguir uma autorização do Corpo de Bombeiros, é uma coisa absurda. Tem licença ambiental que sai em dois, três anos. O empresário quer produzir para o estado, quer empregar e a própria máquina administrativa emperra. A gente desejaria muito que houvesse essa desburocratização, tanto na Junta Comercial, Prefeitura, Ibama, Idema, facilitando mais as coisas.

Atualizado em 14 de dezembro às 17:13


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