
Faturamento com internet vai decretar o fim da era da voz nos celulares. Perspectiva de crescimento no Brasil é uma das maiores do mundo, com 93 milhões de potenciais novos clientes
Usar o celular para fazer uma chamada telefônica está com os dias contados.
Para as operadoras de telefonia, o fim da era da voz começa a partir do próximo ano, quando as receitas com a internet vão superar as obtidas com as tradicionais ligações.
Por trás dessa virada, estão aplicativos que caíram no gosto dos consumidores como o WhatsApp e outros menos populares como o arquirrival Viber.
Pela plataforma, que funciona nas redes de dados 3G e 4G das companhias de telecomunicações, trafega-se de tudo: mensagens de texto, fotos, vídeos e, claro, a cada vez mais popular gravação de áudio.
Estimativa feita pela consultoria Value Partners indica que a internet móvel já representa 30% das receitas das operadoras no Brasil, com faturamento de cerca de R$ 31,5 bilhões somente em 2014.
O Brasil é uma das nações com maior potencial no mundo para crescer em dados móveis, já que cerca de 93 milhões de usuários ainda não têm acesso à internet.
Equivale a cerca de 33% dos 280 milhões de linhas móveis em operação, segundo a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).
Além da voz, a internet também vem sendo responsável pela queda acentuada do uso do SMS (torpedo).
Segundo a TIM, o usuário está falando, em média, 5% a menos por ano, com, uma média de oito minutos por dia.
A Telefônica estima que o brasileiro fica, em média, sete horas por dia navegando pelo celular.
Na TIM, 80% dos celulares vendidos são smartphones: com isso, metade dos usuários na empresa já conta com os telefones de última geração.
A Oi registrou alta de 111% no volume de dados trafegados no ano passado em relação ao ano anterior.
Em relação à receita, a alta chegou a 16% entre os clientes pós-pagos e a 94% entre os usuários de cartão.
Os pacotes de voz já não são mais geradores de crescimento da receita.
Por isso, os investimentos em infraestrutura hoje são concentrados em 3G e 4G: em três ou quatro anos, a voz passará a fazer parte dos dados, ou seja, não será cobrada.
Na Claro, a receita de dados cresceu 40% em 2014.
Com 82% dos dos clientes pós-pagos com celulares de última geração, a Vivo endossa o atual movimento do mercado: enquanto a receita móvel de dados por usuário subiu 16,4% entre janeiro e setembro do ano passado, a de voz caiu 6,2%.