A vitória só vem com bola no pé

Em por Alex Medeiros
Atualizado em 2 de julho às 10:14

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as oito seleções que passaram às oitavas como primeiras colocadas em seus grupos, apenas duas se classificaram às quartas nas cobranças de pênaltis. Exatamente Brasil e Costa Rica, as que mais sofreram diante dos respectivos rivais, Chile e Grécia.

Não que as outras seis também não tenham sofrido. Todas tiveram dificuldades para superar os adversários, mas pelo menos souberam encontrar a vitória no jogo corrido, sem precisar se expor à sorte lotérica das terríveis disputas de bola parada.

É a primeira Copa do Mundo com os líderes dos oito grupos iniciais classificados para a segunda fase do mata-mata. E há entre eles quatro seleções campeãs do mundo: Brasil, Alemanha, Argentina e França contra quatro que jamais conquistaram uma taça.

E como até agora boa parte da mídia tem dito que o torneio está marcado por surpresas, com seleções sem tradição complicando a vida das favoritas, as outras quatro, Holanda, Colômbia, Bélgica e Costa Rica tentarão fazer história nos gramados brasileiros.

Pelo que se jogou até agora, sem qualquer equipe com aquela diferenciação digna de ser taxada como uma superseleção, não será mais surpreendente que as naturais favoritas tropecem nas quartas de final. Ninguém arrisca dizer que as camisas vão pesar.

Duas delas se enfrentam entre si, Alemanha e França, uma matando a outra no rumo da semifinal. O Brasil aposta nas estatísticas para superar o futebol técnico e rápido da Colômbia, de quem pouquíssimas vezes perdeu e jamais enfrentou numa Copa.

O time belga passou pelos adversários com eficiência, mas sem apresentar a mesma bola das eliminatórias europeias. Pode vencer, sim, a Argentina, desde que não deixe Messi e Di Maria livres para construir jogadas. A Suíça sabe como isso é letal.

Se o meia do Real Madrid acertar apenas um terço de tudo que errou ontem contra os suíços, os hermanos terão menos dificuldade contra os belgas. Di Maria teve a bola o tempo todo, mas só acertou uma jogada quando Messi o serviu na bandeja.

A Holanda tem tudo para passar pela inesperada Costa Rica, só não pode incorrer nos pecados que teve contra o México, abrindo demais o jogo e permitindo o jogo técnico de Giovanni. Há gente talentosa também no time costarriquenho. Cuidado.

O que surpreende nessa copa não é o alto nível de times como Colômbia e Bélgica (olha que o rei Pelé avisou meses antes, heim?), mas o nivelamento mediano das seleções classificadas. Quem diria que Brasil e Alemanha sofreriam com Chile e Argélia?

Sexta-feira o time de Neymar tem um teste de fogo, que na verdade deveria ter tido nos amistosos preparatórios pós-Copa das Confederações. Felipão e a mídia pacheca acreditaram que o time estava pronto no ano passado, e agora sabem que não.

O Brasil iniciou a Copa com um ataque que se supunha espetacular na triangulação de Fred, Hulk e Neymar e com um meio de campo endeusado por todos. O que se tem agora é uma dependência de Neymar, um ataque nulo e um meio-campo estéril.

Enfrentará uma seleção que tem no seu meio de campo o setor mais criativo, com um jovem craque em estado de graça e com fome de gols. Vai precisar reencontrar o eixo psicológico e a alma do time com a bola no pé e não com os ouvidos no oba-oba patriótico das arquibancadas.


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